A apenas 100 km de Salamanca, e a 300 km de Madrid, as Aldeias Históricas de Portugal são cada vez mais procuradas por turistas espanhóis. Durante o VI Congresso Europeu de Turismo Rural, que aconteceu nos dias 29 e 30 de maio no Sabugal, território das Aldeias Históricas de Portugal, foi distinguido o seu potencial na promoção de um destino ibérico.

“É preciso mudar a perspetiva. As Aldeias Históricas de Portugal encontram-se no interior do Centro de Portugal, mas se considerarmos que estão à mesma distância de Lisboa do que de Madrid – cerca de 300 km –, podemos dizer que estão no epicentro da Península Ibérica”. Foi com esta consideração que António Robalo, presidente das Aldeias Históricas de Portugal e do município do Sabugal, deu início à sessão de trabalhos do VI Congresso Europeu de Turismo Rural (COETUR), que aconteceu nos dias 29 e 30 de maio no Cró Hotel Rural, no Sabugal, território das Aldeias Históricas de Portugal, numa parceria entre esta entidade e a Escapada Rural, plataforma web dedicada à promoção de alojamento rural.

Com a presença de Pedro Machado, presidente da Turismo do Centro de Portugal, e João Paulo Catarino, Secretário de Estado da Valorização do Interior, na sessão de abertura do congresso, no dia 29 de maio, os oradores convidados foram unânimes na confiança do trabalho da Rede das Aldeias Históricas de Portugal enquanto produto turístico capaz de alavancar o turismo ibérico.

Assim, num congresso promovido para a discussão de ideias com vista à criação de um “Destino ibérico, turismo rural sem fronteiras”, apresentar as Aldeias Históricas de Portugal como uma das bandeiras de um produto ibérico foi uma das ideias mais defendidas durante o COETUR 2019.

Pedro Machado lembrou a necessidade de “trabalhar em conjunto com Espanha para mudar o foco do litoral para o interior”, onde os vinhos e a gastronomia, por exemplo, não encontram rival em todo o mundo. Por outro lado, salientou que “o tempo e o silêncio são os novos luxos dos dias de hoje e é no interior que os encontramos”.


Por sua vez, João Paulo Catarino recordou que “entre Portugal e Espanha temos muito em comum, como os nossos Castelos, e outros valores que devemos promover juntos”.

Durante dois dias de debates, com 40 oradores e cerca de 200 participantes, a autenticidade, a preservação do património e envolventes naturais, a calma e a tranquilidade das Aldeias Históricas de Portugal foram salientadas em vários painéis. Ana Berliner, responsável da Casa de Campo Casa da Cisterna, na Aldeia Histórica de Castelo Rodrigo, comentou, durante o debate subordinado ao tema “Negócios na Raia, negócios sem fronteiras”, que “o que os nossos hóspedes mais destacam são as vistas desafogadas e as nossas incríveis envolventes naturais”.

Do mesmo modo, Paulo Romão, responsável das Casas do Côro, na Aldeia Histórica de Marialva, referiu, durante o painel “Out of the box 1: Modelos exportáveis para vender turismo rural” que “os nossos hóspedes ficam impressionados porque este é um destino imaculado, uma Aldeia Histórica preservada no tempo, com uma tranquilidade e silêncio que não encontram em lado nenhum”.

Fernanda Esteves, presidente da Junta de Freguesia da Aldeia Histórica de Sortelha, apontou, à margem dos debates, em entrevista à agência EFE, que “a nossa vantagem em relação ao litoral e às zonas urbanas é que nós oferecemos calma, paz e tranquilidade, além da beleza do nosso património histórico”.

Provando mais uma vez o valor das Aldeias Históricas de Portugal como destino único e sem igual em todo o mundo, a Rede recebeu o prémio de Melhor Destino, atribuído pela Escapada Rural e entregue no final do primeiro dia de congresso.

No dia 30 de maio, segundo e último dia do evento, Nani Arenas, jornalista espanhola e blogger de viagens, convidada para o painel “Out of the box 2: Projetos inspiradores para conquistar um novo perfil de cliente”, confessou ter ficado “surpreendida com as Aldeias Históricas de Portugal, pela sua beleza e preservação, pelo seu caráter único e autêntico”. Destacou também os hotéis da Rede das Aldeias Históricas de Portugal: “vi hotéis belíssimos”, disse.

O esforço da Rede das Aldeias Históricas de Portugal, em tentar fixar a população nestes lugares – sobretudo os mais jovens –, ficou patente na apresentação do projeto Histórias Criativas, marca registada das Aldeias Históricas de Portugal. O projeto surgiu a partir de um convite, por parte das Aldeias Históricas de Portugal, às crianças do 1º ciclo escolar dos municípios da rede a reinventarem as lendas/estórias das suas aldeias, a partir do seu conhecimento das mesmas. Daí surgiu o concurso “Histórias Criativas – Eu conheço a Minha Aldeia” e um atelier de escrita criativa, que serviu de inspiração para o livro infantil “Lendas da Tua História”, da autoria da escritora Rosário Alçada Araújo, com ilustrações de João Rui Frade. A partir das histórias das crianças, surgiu ainda, a ideia de tornar os protagonistas e figuras históricas destes lugares em bonecos de lã. Para esse efeito, foi convidada a artista plástica Ana Paula Almeida, que colaborou junto da Rede e do município do Fundão na criação do Atelier Histórias Criativas, na Aldeia Histórica de Castelo Novo, onde atualmente são promovidos workshops e dinâmicas à volta dos bonecos de lã, juntos dos mais novos. Ana Paula Almeida explicou, na mesa de debate “Jovens e mulheres empreendedores, coletivos chave para o desenvolvimento rural”, que a criação daquele Atelier levou “à fixação de duas jovens, naturais daquela Aldeia Histórica, e das suas famílias. São pessoas que saíram de Castelo Novo para se formarem e que agora voltaram, com novos conhecimentos e valor para oferecer àquela Aldeia Histórica”.


Ana Mendes Godinho, Secretária de Estado do Turismo, marcou presença na sessão de encerramento do COETUR 2019, saudando a realização do evento, que aconteceu pela primeira vez em Portugal, no território das Aldeias Históricas de Portugal. Destacou, sobretudo, o tema sobre o qual se balizaram os debates do congresso, “Destino ibérico, turismo rural sem fronteiras”, cuja discussão considera de extrema importância. De facto, Ana Mendes Godinho realçou a relevância de um trabalho de promoção conjunto dos destinos Portugal e Espanha, como um produto ibérico diferenciado e único, capaz de captar novos mercados, nomeadamente a nível intercontinental. Salientou, ainda, que Portugal e Espanha dispõem de uma oferta inigualável a nível do turismo rural, e que este deve ser promovido, cada vez mais, como a bandeira de um destino ibérico.
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