Num dia quente de agosto, as minhas memórias levaram-me a momentos em que o tempo parou e entrei numa outra era, numa outra história que não é a minha. É a história de aldeões, de reis, de princesas, é uma história feita de “Era uma Vez” e “Há tanto tempo”.
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Quando se entra em Sortelha, é o passado que nos sorri com paisagens de cortar a respiração. Há uma sensação de nos encontrarmos com tempos medievais, em que pensamos poder ver sair, a qualquer momento, uma anciã daquela casa, ou crianças a brincar em algum canto. Em que pensamos poder sentir os aromas do passado.
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Com o meu fato de macaco preto e os meus ténis do Harry Potter, experimento uma sensação de alegria e de liberdade. Ao fundo, ainda vive um café chamado “Bar do Forno”. Não consigo evitar uma gargalhada perante a conversa que me chega da mesa ao lado, enquanto estou sentada a refrescar-me, rodeada dos muitos gatos que por ali vagueiam. Arraianos de gema em amena cavaqueira, com o seu sotaque típico, e um lança para o ar a frase: “uma vez bubi um copo e emburrachei-me”. Não me consegui conter.
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Sortelha guarda nas suas profundezas pedaços intactos da nossa história, com as suas casas, ruínas de pedra, o seu castelo, os recantos e ruelas estreitas. No posto de turismo, sou recebida com simpatia, enquanto faço algumas perguntas sobre a lenda do anel de pedra e, ainda, com curiosidade por um vaso em particular, composto por telhas de azulejo português, que brilham neste sol quente de verão. Uma obra de um residente local, que me deixa fascinada.
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Com a sua beleza ímpar e mística, que vidas terão sido ali vividas? Que romances? Que sonhos e que tragédias? Poucos o saberão. Mas Sortelha sabe e guarda dentro de si mais do que podemos imaginar, pela forma como se preservou no tempo. Conseguimos sentir. Nos dias quentes de agosto ou não. Espera-nos sempre, disposta a mais aventuras.
Marta Sofia Santos
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